Testado pela primeira vez, nos Estados Unidos, sem que uma rejeição imediata fosse desencadeada em seu sistema imune, um ser humano recebeu um transplante de rim de porco, feito que estimula a pesquisa associada à Universidade de São Paulo (USP), que prevê os primeiros testes com seres humanos no Brasil, em dois anos.
Sob o comando do cirurgião Silvano Raia, pioneiro do transplante de fígado na América Latina, o estudo precisa de investimento para construir um criadouro biosseguro.
"Por mais que os dados de laboratório indicassem que estávamos no caminho certo, existiam os céticos. O fato de terem conseguido demonstra que essa linha de pesquisa é promissora", disse o cirurgião para o Estadão.
O estudo brasileiro é administrado no Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células Tronco da USP, onde se criou um laboratório de xenotransplante (transplante entre espécies diferentes). A iniciativa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da farmacêutica EMS.
Com os ensaios clínicos, será possível também descobrir se o rim do porco será utilizado de forma permanente ou temporária, até que um órgão humano compatível esteja disponível. A pretensão é, no futuro, também transplantar com sucesso o coração, a pele e a córnea, por exemplo, do porco ao ser humano.